quarta-feira, 11 de junho de 2014

A minha epifania

As coisas mudam. E podem ser pra melhor ou pra pior. No meu caso, foram pra melhor, ainda bem, né?
De repente me dei conta do quão limitadas eram minhas expectativas na vida, em mim e em tudo o mais.
De repente, a minha percepção transformou-se em algo superiormente analítico. Minucioso.
Sei, contudo, que tudo isso ainda é muito pouco diante do que está por vir. Ao mesmo tempo em que isso me assusta, também me impulsiona a não ser leviana com nenhum detalhe, ainda que me pareça pouco significativo no momento. 
Percebi a monocromia do meu panorama anterior tão claramente que me pareceu até absurdo que antes não houvesse compreendido as dissonâncias presentes. Agora não mais. É palpável a diferença. 
Não vejo como antes, não sinto como antes, não vivo como antes. 
É bem verdade, que os meus mestres nesse aprendizado, são repletos de ternura e charme, o que torna tudo mais interessante do que já seria por si só.
E agora é a hora mais oportuna de usar o bom e velho clichê que diz que “ser mãe é uma dádiva”.
A grande surpresa é que apesar de saturado e de ter caído na vulgaridade das mais diversas citações, esse dito é absolutamente verdade para mim. É uma dádiva de Deus. É um acontecimento que nem nas minhas melhores expectativas, eu imaginaria ser tão abundantemente perfeito. 
Espero sinceramente conseguir orientar cada um dos meus pequenos de forma correta, sábia e equilibrada. 
E a grande verdade é que sem isso, eu era muito pouco ou quase nada. A minha epifania mais completa foi ser mãe.
Ps.: Na verdade, escrevi isso em 14 de maio e não por acaso na véspera do aniversário de Gui. Observei, contudo, que o texto anterior teve como inspiração o aniversário de Daniel. Irremediavelmente, minhas maiores inspirações agora.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Maternidade: uma transformação

Antes:

A casa estava sempre organizada, tudo em seu devido lugar.
Minhas tarefas domésticas e profissionais em dia. Nunca precisei de nenhuma "ajudante". 
Minhas roupas sempre organizadas.
Silêncio era comum. Tempo livre também, mas eu não sabia, achava tudo tão corrido. Mentira. Dava tempo de fazer tudo importante e desimportante também.
Raramente eu cozinhava. Qualquer comida dava certo. Uma tigela de ceral, uma papa de aveia também quebrava galho. Nunca fazia bolos.
Se eu quisesse - mas nunca quis - poderia dar vazão ao consumismo, porque eupodia ir ao shopping ou ao comércio quando bem quisesse.
Eu caminhava impreterivelmente todas as manhãs, bem cedo. Eu lia muita coisa. E via muitos filmes. Eu sou uma cinéfila consciente. 
Ficava fuçando na internet até tarde da noite. Atualizava meu blog com frequência e ainda era assídua nos alheios. Tinha amigos virtuais e tudo. 

Depois:

Mas e daí? Seriam essas coisas mais interessantes do que cuidar de pessoinhas lindas? Ensiná-las a viver literalmente? Escutar "mamãe" pela primeira vez não tem preço. Apagam-se da memória todas as noites insones lá do começo. Receber plena e total confiança dessa pessoinha. Ela não tem medo de nada estando no colo dos pais, ou pelo menos não deveria.
Sabe, naquele "antes" eu achava que umas palmadas era uma coisa boa, não fariam mal, hoje não mais. Imagine você depositar toda a sua confiança em alguém e esse alguém usar de violência com você. É no mínimo decepcionante. Eu não bato neles. E não me sinto bem depois de perder o controle e levantar a voz pra eles, também. Imagine se eu batesse. Deus me livre. Não quero. Exige mais trabalho, mas para mim, compensa.
Acho interessante que se fala tanto em violência, até mesmo contra a mulher. Agora, bater numa criança muito mais indefesa do que um adulto não é considerado violência, né? A menos que seja espancamento, mas aí é outra coisa. É caso de polícia. 
Eu acho que pessoas que batem nos filhos são preguiçosas e descontroladas. Sempre que batem é porque perderam o controle, as rédeas da situação. E eu não digo que é fácil manter o controle, é difícil, mas é possível. Um castigo aqui, outro ali, também é eficaz.
Uma outra coisa que venho aprendendo é que não é bom repreendê-los na presença de outros. Eles se sentem envergonhados. Não é bom. Melhor chamar num cantinho e fazer o sermão. 
É como dizem por aí: educar é um trabalho de formiguinha.
Bom, mas à lista do "depois" segue-se, decorar todas as músicas da Galinha Pintadinha, Patati e Patatá, não, acho meio sem graça e com pouco "aproveitamento", enfim, não gosto. E por enquanto, ainda sou em quem decide isso, né? Então, aproveito.
Saber todos os personagens do Discovery Kids e suas estórias. Esquecer os saltos quando sair de casa - na verdade, esse item não me afetou muito. Não uso salto, só se for plataforma e anabela e olhe lá... mas essa é outra história.
Bolsas pequenas, esqueça. Têm que ser grandes para caber água, lanches e todo aquele aparato das fraldas, né? 
Fazer compras despreocupadamente - incluindo feira - pode riscar da lista também. Eles se estressam rápido, principalmente em lugares onde tudo é "proibido": não mexa, não se afaste, não toque, não grite, não pule etc e talz. Eles detestam. Uma boa dica é levar alguma coisa para distraí-los, um brinquedo, por exemplo (desde que não se confunda com os itens da loja em questão).
Atualizar minha leitura e blogs só consegui mesmo depois de algum tempo, um ano mais ou menos. No início, a gente se assusta um pouco com a mudança radical, mas depois compreende que é só uma fase. Compreende que eles não vão ser aquelas bolinhas de dar beijos pra sempre e isso apagou todo o resto para mim. A maternidade realmente foi a melhor coisa que já me aconteceu até hoje. Pode ter certeza.